CAIXOTE JACÓ

 

Passava no carro e lá estava a pedinte num banco. Alguns carros paravam e davam-lhe esmola. Não concordava com a caridade, não é um método moral para resolver os problemas da sociedade. A sociedade já está de tal modo evoluída para não explicar a pobreza. Num dia parei e contra todos os meus princípios dei-lhe esmola. Quando entrei no carro não tinha a chave no bolso nem a carteira com os documentos e o dinheiro. Olhei e a pedinte já lá não estava. Fui ao local e estavam as chaves do carro no chão. Cheguei a casa peguei nos documentos necessários e fui ao registo civil. Quando cheguei a casa não tinha televisão. Telefonei à GNR e tomaram conta do fato. Sempre que saia de casa um objeto desaparecia quando retornava. A porta estava bem fechada. Descobri finalmente ser a larápia a pedinte, quando eu saia de casa em estado volátil ela entrava e quando eu entrava em casa ela saia com um objeto roubado. Nada conseguia fazer com algo tão estranho. Só quando deixaram de desaparecer os valores roubados soube que ela me tinha deixado definitivamente em paz e fora para outras paragens. Nunca conseguirei explicar o sucedido, nem poder contar a alguém.

Passed in the car and there he was begging on a bank. Some cars stopped and gave him alms. She did not agree with charity, it is not a moral method to solve society's problems. Society is already so evolved as not to explain poverty. One day I stopped and against all my principles I gave him alms. When I got into the car I didn't have the key in my pocket or the wallet with the documents and money. I looked and the beggar was no longer there. I went to the place and the car keys were on the floor. I got home, took the necessary documents and went to the civil registry office. When I got home there was no television. I telephoned the GNR and they took care of the fact. Whenever I left the house, an object disappeared when I returned. The door was securely closed. I finally found out that the thief was the beggar, when I left the house in a volatile state she would come in and when I would come in the house she would leave with a stolen object. Nothing could do with something so strange. Only when the stolen valuables stopped disappearing did I learn that she had definitely left me in peace and gone elsewhere. I will never be able to explain what happened, nor be able to tell anyone.