Vêm no meu carro a minha prima
e três dos seus quatro filhos. O carro é novo e experimento o motor. Vamos na
estrada para o Algarve. Ultrapasso camionetas e carros sucessivamente. A minha
família vai um bocado agoniada com a minha condução e velocidade. Ultrapasso
vários carros e a certa altura piso um traço continuo. O inevitável acontece
bato de frente em contramão e além dos dois carros desfeitos origino um choque
em cadeia. A minha prima fica gravemente ferida e os filhos também, o carro da
frente, o condutor e o passageiro ficaram sem vida. O choque em cadeia envolveu
vários carros e vários feridos, uma família vinha em dois carros também
pareceu. A estrada está bloqueada em dois sentidos, existem duas enormes filas.
Não tardam por milagre a GNR e os bombeiros. Ao fim de meia-hora de trabalho
intensivo a estrada está desbloqueada dos dez veículos acidentados. Contei uma
versão do acidente do qual sou a única testemunha viva. O hospital local ficou
cheio e temos as férias estragadas, volto ao apartamento de Lisboa.
Este Outono vamos à Serra da Estrela, tenho
um carro novo e faz-se noite. A meio caminho mesmo vendo um carro no fim da
reta, meto-me a ultrapassar o pesado, a estrada fica curta e bato de frente, o
pesado logo é envolvido. Novamente se forma em ambos os sentidos umas filas
indetermináveis. Chega a GNR e os bombeiros. Falo com o GNR que tem os meus
dados no computador e garanto-lhe ser um bom cidadão e trabalhar na área da
gestão. Mas o GNR diz: O senhor está preso, está preso até quando eu quiser. O
senhor é um assassino em massa. É o segundo acidente em que está envolvido com
vários mortos. Lá fui eu no carro da GNR para o posto. Depois de muitas
diligências e um bom advogado sai em liberdade aguardando julgamento. Comprei
um carro novo e não tive dificuldade em arranjar seguro. Depois do carro ter
vinte mil quilómetros encontro-me a viajar de noite e ultrapasso de novo um
pesado e a estrada fica curta para o mercedes conduzido por um chofer e
correspondente presidente do Município. Bato de frente no Mercedes novinho em
folha da Câmara.
O chofer fica com os pulsos partidos e o
camarário sai do Mercedes com uma arma em punho da qual tem licença de porte e
diz: - Viu o que fez ao meu Mercedes saído do stand ontem à tarde. Agora não
chego a tempo ao meu compromisso. O seu seguro não dá para pagar os estragos. O
condutor do pesado agarra-me pelos braços e o presidente da Câmara dá-me um
direto no focinho. Caio no meio da estrada. Quando chega a GNR já estou
amarrado e consciente. O camionista e o camarário fizeram justiça pelas suas próprias
mãos. O chofer foi para o hospital.
Finalmente deixei de conduzir, arranjei um
chofer. Também já tenho setenta anos e azar nas ultrapassagens. Há quem tenha
mais sorte.
My cousin and three of her four children are in my car. The car is new and I try the engine. We're on the road to the Algarve. I pass vans and cars successively. My family is a bit distressed about my driving and speed. I overtake several cars and at a certain point step on a continuous line. The inevitable happens, I crash head-on into the opposite direction and, in addition to the two wrecked cars, I cause a chain collision. My cousin is seriously injured and so are the children, the car in front, the driver and the passenger were left lifeless. The chain crash involved several cars and several people were injured, a family in two cars also appeared. The road is blocked in two directions, there are two huge queues. Miraculously, the GNR and the firefighters did not delay. After half an hour of intensive work, the road is cleared of the ten vehicles involved. I told a version of the accident of which I am the only living witness. The local hospital is full and we have the holidays spoiled, I go back to the apartment in Lisbon.
This autumn we are going to Serra da Estrela, I have a new car and it is night. Halfway through, even seeing a car at the end of the straight, I start to overtake the heavy, the road gets short and I crash head-on, the heavy is soon involved. Again, indeterminable queues form in both directions. GNR and firefighters arrive. I speak with the GNR who has my data on the computer and I assure him that I am a good citizen and work in the management area. But the GNR says: You are under arrest, you are under arrest as long as I want. You sir are a mass murderer. It is the second accident in which he has been involved with several dead. There I went in the GNR car to the station. After many diligences and a good lawyer, he is released awaiting trial. I bought a new car and had no trouble getting insurance. After the car has twenty thousand kilometers I find myself traveling at night and overtake a heavy vehicle again and the road is short for the Mercedes driven by a chauffeur and correspondent mayor of the Municipality. I crash head-on into the brand-new Mercedes from the Chamber.
The chauffeur's wrists are broken and the councilor gets out of the Mercedes with a gun in hand which he has a license to carry and says: - You saw what you did to my Mercedes leaving the stand yesterday afternoon. Now I don't make it to my appointment on time. Your insurance cannot cover the damage. The driver of the truck grabs me by the arms and the mayor punches me in the nose. I land in the middle of the road. When the GNR arrives, I am already tied up and conscious. The truck driver and the councilor took the law into their own hands. The chauffeur went to the hospital.
I finally stopped driving, got a chauffeur. I am also seventy years old and unlucky when overtaking. There are those who are luckier.
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