quinta-feira, 28 de julho de 2022

 Na parada de duzentos militares a bandeira sobe e é cantado o hino nacional, o coronel toma a palavra:

- Todos presentes a honrar o país e defender o território. Nesta conjuntura de paz temos já alguns compatriotas em cenário de guerra em países africanos. Contudo o país saiu da crise que envolveu o FMI e já com o recente segundo mandato o presidente nosso chefe supremo faz férias no interior. Este mês de julho é próprio afirmar que alguns tenham férias e outros defendam os nossos quartéis. Não que concordamos com aqueles que assumem a gerência, nem os governantes nem os mandantes. Antes pelo contrário são nobres os que estão enganados e divulgam a verdade. Estamos com a frente da invisível batalha que se desenvolve pelos campos e aldeias. A virtude dos mártires e santos vivos que pregam as exigências do capital. Foi-me dito na missa do último domingo, Ciao foi tomada pelos inimigos do Senhor. Não temeis, nós somos uma força internacional e universal. Contudo restringidos aos nossos pequenos quartéis, somos magestaticos. Compreendemos as necessidades de um só homem como as necessidades de um batalhão. Vós que estais que estais hirtos perante a pesada cruz da vossa vida que pode acabar num campo de batalha. São horas de paz. Não esquecendo as guerras em África e todo o Médio Oriente. Continuam os tumultos para afirmar as democracias. Muitos cristãos são dados como loucos e a corrupção largamente combatida. Por ora todos os que forem chamados às frentes de guerra farão um voto de castidade. Não serão muitos, um em mil. Também nos preocupa as desigualdades sociais. O despejo de bairros e os interesses imobiliários. Não esquecendo a batalha invisível daqueles que seriam nossos oficiais de alto grau e levam uma vida civil errando, consumindo drogas e sem amor. Tem toda a razão o nosso chefe supremo, presidente de Portugal em pessoalmente nos expiar informaticamente no número infinito de utilizadores de internet. Mais digo sob a gerência governativa que apenas olha as forças policiais onde muitos de vós como bons cidadãos tereis lugar. Não é por acaso as manobras deste quartel. Destinados estão a situações difíceis a ponto de pôr a vida em perigo. Somos uma família militar onde o treino não é levado ao mais difícil, mas também não é o mais fácil. Sabemos que essas jovens que vos esperam a porta do quartel transmitem doenças. Apenas os mais castos bebem o vinho que alguns dizem tirar a ereção. Não falemos de problemas internos mas sim da indústria que alimenta a nossa economia. Dos arrojados patrões e dos valentes operários, dos que demoradamente atravessam rios para trabalhar e dos estudantes que se levantam às 7:00 da manhã para se dedicarem ao estudo afincado. Dos músicos que atravessam o país de comboio diariamente para terem anotações superiores. Convido aqueles que que assim quiserem a missa do próximo domingo dirigida pelo capelão da força aérea de Monte Real no pavilhão da referida base. Sei que não ireis a casa para receber a mensagem do céu. Não que os nossos antepassados morrecem em vão nas guerras das ex colónias era esse o esforço do Ocidente e a força de afirmar o Império de Portugal. Como somos agora pequenos e endividados parte da Europa o continente da paz e da economia capitalista. Paro aqui o meu discurso para informar que o cabo M16 e o cabo M36 irão treinar para o quartel de Tancos em viaturas blindadas num corpo nacional de dez homens que dia 1 de setembro seguirá para o campo de guerra da República Centro Africana. São requisitados este Verão vinte soldados ao treino intensivo que a qualquer hora poderão ser chamados ao palco de guerra nesse longínquo país africano. Dou agora a palavra ao capitão Figueiredo que vos falará sob a eficácia de tiro no cenário de guerra mostrando no ecrã gigante a verdade sobre a trajetória das balas.

O capitão Figueiredo esteve mais uma hora a projetar imagens de como matar com eficácia.

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