Pátria, apenas uma palavra
Não é noção, não é nada
Palavra gasta, sem razão de
ser
Apenas dos incrédulos, dos
rarefeitos
E cheia de sangue e ódio
Escreve-se para espezinhar
Para mais alto por os iguais
dos outros
Letras a soar de foguetes
Para impor a fome às punhetas
Escrita por calcinhas
fedorentas
E animais pré-históricos por
desejos
Sem pausa das pernas medievais
Tu, ninguém de que do nada vem
Linha, circulo, evolução de
linhas
Som do vácuo do cruel pináculo
Sem tempo, escrita da morte,
vento
De quem quer mandar para a
orgia
Vazia na nulidade da não vida
Apagada da própria matéria
O prazer da vida não se gasta
É do início para o fim sem
nunca ser
É de todos como as guilhotinas
Do céu azul aprisionado
Não é imagem do saber
Porque por ti que serias todos
Não existem, javardos,
nulidades
Da ignorância, da pocilga do
poder
Das ratas, das varejeiras das
larvas
Nos esqueletos vivos
putrefatos
Da violência genética dos
brutos
Dos vómitos comuns à parvoíce
Da parição da anormalidade
Dos vergados na humildade
ajoelhada
Da guerra no campo de batalha
A várias vozes se decepam
Esguicham sangue e ficam
mutilados
Os gritos de dor e de morte
Sem tempo de vitória e apenas
destruição
Correm pelos campos de
cadáveres
Mulheres violadas em nome do caos
Vergonha ninguém tem, tu
palavra
Dos vergados, dos esfomeados
Dos aniquilados e dos
amordaçados
Essas elites do esterco da
desigualdade
Usam o que não és, tu ar de
respirar
Da tua violência a cada letra
Para impor o betão tumular
Para minorias se banquetearem
E na dor a multidão
escravizarem
Como pretexto do fim do Mundo
Da vingança insana do poder
Nas mãos incógnitas de macacos
E prostitutas maníacas de
sangue
Tu, palavra amarela de
sujidade
Desaparece das palavras,
morre!
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