quinta-feira, 24 de julho de 2014
terça-feira, 22 de julho de 2014
domingo, 13 de julho de 2014
palavra de anarca
Pátria, apenas uma palavra
Não é noção, não é nada
Palavra gasta, sem razão de
ser
Apenas dos incrédulos, dos
rarefeitos
E cheia de sangue e ódio
Escreve-se para espezinhar
Para mais alto por os iguais
dos outros
Letras a soar de foguetes
Para impor a fome às punhetas
Escrita por calcinhas
fedorentas
E animais pré-históricos por
desejos
Sem pausa das pernas medievais
Tu, ninguém de que do nada vem
Linha, circulo, evolução de
linhas
Som do vácuo do cruel pináculo
Sem tempo, escrita da morte,
vento
De quem quer mandar para a
orgia
Vazia na nulidade da não vida
Apagada da própria matéria
O prazer da vida não se gasta
É do início para o fim sem
nunca ser
É de todos como as guilhotinas
Do céu azul aprisionado
Não é imagem do saber
Porque por ti que serias todos
Não existem, javardos,
nulidades
Da ignorância, da pocilga do
poder
Das ratas, das varejeiras das
larvas
Nos esqueletos vivos
putrefatos
Da violência genética dos
brutos
Dos vómitos comuns à parvoíce
Da parição da anormalidade
Dos vergados na humildade
ajoelhada
Da guerra no campo de batalha
A várias vozes se decepam
Esguicham sangue e ficam
mutilados
Os gritos de dor e de morte
Sem tempo de vitória e apenas
destruição
Correm pelos campos de
cadáveres
Mulheres violadas em nome do caos
Vergonha ninguém tem, tu
palavra
Dos vergados, dos esfomeados
Dos aniquilados e dos
amordaçados
Essas elites do esterco da
desigualdade
Usam o que não és, tu ar de
respirar
Da tua violência a cada letra
Para impor o betão tumular
Para minorias se banquetearem
E na dor a multidão
escravizarem
Como pretexto do fim do Mundo
Da vingança insana do poder
Nas mãos incógnitas de macacos
E prostitutas maníacas de
sangue
Tu, palavra amarela de
sujidade
Desaparece das palavras,
morre!
terça-feira, 8 de julho de 2014
NO ESCURINHO
DO CINEMA
Inaugurado
em meados da década de 40 do século passado, o Cine-Teatro da Lousã é um dos
ex-libris da vila, uma verdadeira referência para muitas gerações que passaram
pelos bancos da plateia e balcão da sala, vibrando com as peripécias dos
quilómetros de películas projectadas no ecrã dos sonhos.
Para mim, o Cine-teatro é uma das referências incontornáveis da minha infância e adolescência lousanenses. Foi no “escurinho” daquele sala que primeiro despertei para a magia da “sétima-arte”. Verdadeiro embrião de uma das paixões que conduziu grande parte da minha vida: o cinema.
Para mim, o Cine-teatro é uma das referências incontornáveis da minha infância e adolescência lousanenses. Foi no “escurinho” daquele sala que primeiro despertei para a magia da “sétima-arte”. Verdadeiro embrião de uma das paixões que conduziu grande parte da minha vida: o cinema.
Antes do 25 de Abril, ir ao cinema era quase
um luxo, que obrigava muita gente a apertadas poupanças para nos sábados e
domingos à noite não perderem o seu lugar na descoberta dos tramas dramáticos,
românticos ou guerreiros, quase todos made in Hollywood, que desfilavam naquele
pano branco, transformado em verdadeiro palco de todas as aventuras.
Para mim, as
noites de domingo eram mágicas, sentado com os meus pais sempre na primeira
fila do balcão. Enquanto aluno da escola primária esses emocionantes momentos
eram mais raros, pois aquela danada indicação que “este filme é interdito a
menores de 12 anos” deixava-me em casa e à beira de uma crise de nervos. Por
vezes, tanto insistia que o meu pai, cinéfilo, e conhecedor que o filme nem era
“dois piores para as crianças”, lá fazia sinal ao porteiro para me deixar entrar
com ele. Lá vibrei com intermináveis duelos em heróicas cobóiadas; perseguições
de carro a 100 à hora; gritos de Tarzan na Selva ou fantásticos golpes de
espadachim de piratas ou do Zorro!
Mas nem só
de cinema se enchem as minhas felizes memórias do Cine-teatro da Lousã. Foi ali
que vi com os meus pais uma peça teatro, “Aqui Há Fantasmas”, com Raul Solnado,
que, recordo bem, foi um verdadeiro acontecimento na vila, com a presença da
trupe lisboeta a gerar grande entusiasmo. Mas foi também naquela sala que ouvi
chamar pelo meu nome para ir receber o prémio de Melhor Aluno da escola. E,
queira-se ou não, isto é uma daquelas coisas que não se esquecem…
Após o 25 de
Abril, e numa altura em que outras salas de cinema semelhantes espalhadas por
vilas e pequenas cidades da província viam os seus cinemas a entrarem em
declínio e mesmo a fecharem as portas, o Município da Lousã soube arregaçar as
mangas para reabilitar a sala que chegou a estar fechada, ameaçada de morte,
durante algum tempo.
Hoje, a
situação é ainda mais singular, pois os tradicionais cinemas deram lugar as
várias pequenas salas de exibição, a maioria em centros comerciais – essas novas
Mecas da sociedade de consumo moderna.
Mas o “nosso”
Cine-teatro lá está, a resistir de pé, orgulhoso e altivo pronto para mostrar
mais fitas de celulóide, mas também para receber outras artes como o teatro, a
música e dança.
Américo
Mascarenhas
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