A abstenção mudou-se
Mudou-se para outra dimensão
Ficou rica, foi de férias
Quem a pé foi votar
Integrou o imenso esquadrão
A multidão que caminha para a
morte
Mas a abstenção já foi
De férias para o eterno
De coisa nenhuma faz contas
Afinal para quê?
A plenitude do céu azul
Sob as mãos do esquadrão
E tu Ocidente velho
Quem é a tua voz reacionária?
Onde está a liberdade?
É o teu querer populaça, a
desgraça
A morte prematura do filósofo
A festa em mórbido silêncio
E a ordem sob a ameaça das
armas
Nunca nos veremos nas bestas
Nos maus vinhos da violência
Nos sentimentos reles
Na consanguinidade mais
reprodutiva
Rebentemos os nossos peitos
No amor clandestino e perverso